Shingaling, de J. R. Palacio

8 de dezembro de 2016
SINOPSEExtraordinário se tornou um best-seller ao narrar os desafios enfrentados por Auggie, um menino de aparência incomum. Na sequência do romance, J.R. Palacio lançou os e-books O capítulo do Julian, narrado pelo menino que mais fazia bullying contra Auggie na escola, e Plutão, narrado pelo amigo de infância do protagonista. Agora quem conta a história é Charlotte, uma das crianças que recebem Auggie no dia em que ele vai conhecer a escola.Em Shingaling, temos a oportunidade de conhecer melhor a personagem cuja presença é decisiva em momentos importantes da vida de Auggie. Ela conta sobre sua amizade com Summer (as duas solucionam um mistério juntas) e sobre como foi, para as meninas da escola, começar a conviver com o menino mais extraordinário que já haviam encontrado. Charlotte aproveita para mostrar sua mania de fazer diagramas e explicar como elaborou o preceito citado no final de Extraordinário: “Não basta ser amigável. Você tem que ser amigo.

" - Deus abençoe a América. "
 Ao participar da Maratona Extraordinária, escolhi ler dois contos de Extraordinário e optei por não resenhá-los. Alguns meses depois,  um amigo me emprestou Auggie & Eu, e aproveitei pra ler apenas Shingaling, que era o que estava faltando. 
 
Geralmente, um conto narrado por uma criança deixa bem visível o amadurecimento e a formação de ideias que ela vai criando no desenrolar da história. E, com Shingaling, não podia ser diferente. 

No livro Extraordinário, o qual originou os contos, Charlotte foi uma das crianças que participaram do comitê de boas vindas, quando Auggie foi matriculado na escola. Assim como alguns, ela até tentava não se importar com a aparência dele, só que isso é praticamente impossível, quando você é apenas uma criança e não está preparado para algumas situações, e nem sabe agir diante de algo um tanto diferente.

Charlotte mostra ser uma criança muito curiosa, cheia de perguntas, expondo suas ideias e seus problemas infantis quando precisa até que eles, de um jeito ou outro, sejam resolvidos. Além disso, tem dificuldades em entender como as pessoas e as coisas mudam tão rápido, sentindo saudades do que era antes e o desafio de se acostumar com o terrível agora. 

Entre amigas, Charlotte encontra um grande problema: quer expandir suas amizades com a turminha que suas amigas não gostam. Só que, como fazer isso sem magoar alguém? Essa pergunta é respondida - e entendida - no decorrer da história, onde ela vai apresentando cada uma de suas amigas, comparando seu relacionamento com cada uma, entre o antes e o presente.  

Ao ler, nota-se que não é um conto que gira em torno do relacionamento que ela tinha com o Auggie, sobre sua amizade com ele ou algo parecido, e sim sobre sua vida pessoal. Sobre seu relacionamento com os pais, com as amigas, com os colegas de escola, sobre suas decisões e sonhos. Claro, em algumas partes são citados acontecimentos em que Auggie está envolvido, e que nos permitem situar em que parte do livro Extraordinário aquilo estaria acontecendo. 

Depois de ler os três contos, eu pude entender melhor o mundo das crianças. Creio que era isso o que a autora queria repassar. Crianças não são ruins, são apenas crianças, aprendendo a conviver com as diferenças. Elas não excluem por ser más, mas, sim, por acharem algo divertido, por encontrarem sentido naquilo que estão fazendo. São pessoas de pouca idade, inconsequentes, não sabendo a gravidade que uma piadinha pode refletir no futuro da pessoa atingida. 

Em Shingaling, J. R. Palacio mostrou exatamente como é o mundinho das crianças, apresentando suas frustrações e a importância do "o que irão achar se eu fizer isso?". É inacreditável o modo como as histórias se interligam e, de qualquer jeito, sempre, no fundo, ensinam a mesma coisa. Fiquei ainda mais encantando com a história de Auggie e também, claro, de Charlotte. 

Acho que os contos deveriam ter sido lançados antes do livro, assim conheceríamos mais os personagens na essência e, quem sabe, a história ficasse mais tocante do que já é. Após ler os três contos, eu pretendo ler Extraordinário novamente, já sabendo o que cada um realmente pensa sobre Auggie. Os contos, que considerei um complemento para o mundo de Extraordinário, não foram desgastantes, sempre enriquecendo os personagens e nos ensinando um pouco mais.


Algumas amizades são assim. Talvez até as melhores amizades fossem assim. As conexões estão sempre ali. Apenas são invisíveis aos olhos.

Leitura Iniciada: 21/09/16
Leitura Finalizada: 28/09/16




Create a dream.

Um comentário:

  1. Adorei! Depois de ler Extraordinário fiquei fascinada pelo modo de leitura, pela história em si e pela narrativa do autor. Me interessei bastante!
    Beijos!
    www.docenerds.blogspot.com

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